No contexto do trabalho de Andy Clark, especialmente em seu livro “Natural-Born Cyborgs: Minds, Technologies, and the Future of Human Intelligence“, os ciborgues são seres humanos que naturalmente estendem suas capacidades mentais e físicas através do uso de ferramentas e tecnologias. Clark argumenta que, ao contrário da visão tradicional de ciborgues como organismos metade humanos e metade máquinas (como na ficção científica), os humanos sempre foram “ciborgues naturais” devido à nossa capacidade única de integrar o ambiente e a tecnologia em nossos processos cognitivos.
Clark sugere que a mente humana não está confinada ao cérebro ou ao corpo, mas se estende para fora, incluindo dispositivos tecnológicos, ferramentas e o ambiente ao nosso redor. Por exemplo:
- Tecnologias de Informação e Comunicação: Smartphones, computadores e a internet ampliam nossas capacidades cognitivas, permitindo-nos acessar informações rapidamente, comunicar-se instantaneamente e realizar tarefas complexas.
- Ferramentas Físicas: Ferramentas e dispositivos, como calculadoras, próteses e outros assistentes tecnológicos, aumentam nossas habilidades físicas e mentais.
- Ambientes de Apoio: Contextos como escolas, bibliotecas e ambientes de trabalho colaborativos servem como extensões de nossa cognição, proporcionando recursos e suporte que amplificam nosso potencial intelectual.
Clark enfatiza que essa integração entre mente, corpo e tecnologia é um aspecto fundamental da cognição humana. Ele vê a capacidade de usar e se adaptar a novas tecnologias como uma característica essencial da inteligência humana, permitindo-nos superar limitações biológicas e expandir constantemente nossas capacidades.
Outros teóricos famosos que compartilham ideias semelhantes às de Andy Clark sobre a extensão da cognição humana e a integração com a tecnologia incluem:
- David Chalmers: Filósofo conhecido por suas contribuições à filosofia da mente e da consciência, Chalmers defende a ideia da cognição estendida, sugerindo que a mente pode se estender além do cérebro e do corpo para incluir dispositivos externos.
- Edwin Hutchins: Antropólogo cognitivo, Hutchins desenvolveu a teoria da cognição distribuída, que examina como processos cognitivos são distribuídos entre indivíduos, artefatos e o ambiente.
- Donald Norman: Psicólogo e designer, Norman explorou como os objetos no ambiente podem atuar como extensões da mente humana, facilitando processos cognitivos.
- Alva Noë: Filósofo que argumenta que a cognição é inseparável do ambiente e que a percepção depende de nossa interação com o mundo ao redor.
- L. Susan Hurley: Filósofa que propôs a noção de cognição veiculada, sugerindo que processos cognitivos podem ser distribuídos através de múltiplos veículos, incluindo o cérebro, o corpo e o ambiente.
- Merlin Donald: Psicólogo e neurocientista cognitivo, Donald argumenta que a evolução da mente humana está profundamente interligada com o desenvolvimento de tecnologias e a cultura.
Esses teóricos, como Clark, exploram a ideia de que a mente humana é amplamente influenciada e ampliada pelas ferramentas e tecnologias que usamos, enfatizando a natureza integrada da cognição humana com o ambiente e a tecnologia.