Carta 34
Sinto-me pleno de exaltação, sinto que a velhice perde peso e ganha forças sempre que vejo, em quanto fazes e escreves, até que ponto tu (que já te retiraras do vulgo) fazes progressos sobre ti próprio.
Se o prazer que o agricultor sente pela árvore, culmina quando ela dá fruto, se a alegria do pastor lhe vem das crias do seu rebanho, se qualquer homem sente no filho que criou como que a própria adolescência, nós, educadores espirituais, que pensas tu que sentiremos ao ver subitamente adultos os espíritos de que tomámos conta ainda débeis?
Tu estás ligado a mim, és obra minha. Quando eu vi a natureza do teu carácter, deitei-te a mão, aconselhei-te, estimulei-te, e não te deixei avançar com lentidão, fiz-te de imediato ir para frente. “E então? dirás. Tem sido essa a minha vontade!”
Sim, isso já significa muito, e não apenas no sentido em que se diz que o começo é só por si metade da obra. Esta questão está dependente da vontade, e por isso uma grande parte de bondade consiste em querermos ser bons. Sabes o que eu chamo ser bom: ser de uma bondade perfeita, absoluta, tal que nenhuma violência ou imposição nos possa forçar a ser maus.
Prevejo que tu serás assim, se perseverares, se te aplicares, se agires de forma a que os teus atos estejam em total coerência com as tuas palavras e que uns e outros sejam moldados na mesma forma. Não segue o caminho da verdade aquele cujos atos discordam do que afirma.
Passar Bem!